27/06 – Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Antes de falarmos desse notável Santo, alguns dados sobre Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, cuja festa também hoje comemoramos. Esta é uma das invocações da Mãe de Deus mais espalhadas por todo mundo, inclusive pelo Oriente, graças à operosidade dos missionários redentoristas. Esta devoção começou a ser propagada a partir de 1870, quando esses religiosos de Santo Afonso receberam do beato Pio IX a guarda dessa imagem. Pintura em estilo bizantino do século XIII, chegou a Roma pelas mãos de um negociante, ficando sob a custódia dos agostinianos até 1866.

De semblante grave e melancólico, Nossa Senhora traz no braço esquerdo o Menino Jesus, ao qual dois Anjos apresentam quatro cravos e uma cruz. A Mãe de Deus é a Senhora da morte e a Rainha da vida, o Auxílio dos cristãos, o socorro seguro e certo dos que a invocam com amor filial.

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São Cirilo de Alexandria, Bispo, Confessor e Doutor da Igreja

Cirilo nasceu no ano de 370 no Egito. Sobrinho e discípulo de Teófilo, patriarca da importante e histórica sé de Alexandria, substituiu-o no cargo de 412 até 444, ano de sua morte.

Nessa Sé se distingiu como escritor fecundo e corajoso batalhador contra as heresias numa das épocas mais perturbadas da história da Igreja e da ortodoxia no Oriente, sempre agindo em submissão ao papa São Celestino. Assim, um de seus primeiros atos foi mandar fechar as igrejas dos hereges novacianos. Ele também expulsou de Alexandria os judeus que formavam florescente comunidade, mas que provocaram tumultos num dos quais massacraram alguns cristãos.

Naquela época Nestório, patriarca de Constantinopla, começou a defender que, em Nosso Senhor Jesus Cristo havia uma só natureza, a divina, e não duas, a humana e a divina. Desse modo Ele era verdadeiro Deus, mas não verdadeiro homem, não havia a união hipostática entre as duas naturezas de Cristo.

Ora, negando-lhe a natureza humana, Nestório implicitamente negava que Nossa Senhora fosse Mãe de Deus, pois o seria somente da natureza humana de Jesus.

Para contrarestar a essa heresia, São Cirilo afirmava, com a Igreja, a união pessoal ou hipostática entre as duas naturezas de Nosso Senhor, perfeitas mas distintas, a Divina e a humana. Por isso, para referir-se a Nossa Senhora, o santo utilizava o termo Theotokus, que quer dizer “Mãe de Deus”.

Contudo seus inimigos, deturpando o que ele ensinava, diziam que o Patriarca afirmava que a pessoa Divina de Jesus também sofreu com sua natureza humana, o que é um erro. Pelo que acusavam o santo de Apolinarianismo.

Para responder a seus detratores, São Cirilo elaborou uma autêntica e límpida teologia da Encarnação.

Além disso, tem particular interesse na devoção a Nossa Senhora sua quarta homilia pronunciada durante o Concílio de Éfeso, que é um importante exemplo de pregação mariana e o início do rico florescimento da literatura em louvor da Virgem. Nesse sermão o santo celebra as grandezas divinas da missão de Nossa Senhora, que é verdadeira Mãe de Deus pela parte que teve na concepção e no parto da humanidade do Verbo feito carne.

São Cirilo era homem de grande coragem e força de caráter, mas muito impulsivo e categórico em suas afirmações. Pelo que muitas vezes se critica sua veemência natural. Entretanto, ela foi por ele reprimida e educada, ouvindo ele com humildade às severas advertências de seu mestre e conselheiro, Santo Isidoro.

Com relação aos problemas que surgiram no Concílio de Éfeso exatamente por causa da truculência e natureza impulsiva do santo, os historiadores afirmam que, realmente se ele tivesse tido mais paciência e diplomacia, poderia ter até impedido que a vasta seita nestoriana surgisse. Entretanto, o papa São Celestino tinha muita confiança nele, e pôs em suas mãos todo o problema com o nestorianismo.

Por outro lado, por sua defesa da ortodoxia contra o erro de Nestório, São Cirilo arriscou ser mandado ao exílio, e por alguns meses experimentou a humilhação do cárcere: “Nós — escreveu —, pela fé em Cristo, estamos prontos a sofrer tudo: algemas, cárcere, todos os incômodos da vida e a própria morte”.

Como teólogo ele é um dos grandes escritores e pensadores dos primeiros tempos. Ao lado dos tratados estritamente doutrinais, temos dele 156 homilias sobre São Lucas, de caráter pastoral e prático, e as mais conhecidas Cartas pastorais, expressas em 29 homilias pascais, pelo que mereceu o título de Doutor da Igreja.

No Oriente ele sempre foi honrado como o maior dos Doutores. Sua missa e ofício como Doutor da Igreja foram aprovados por Leão XIII em 1883.

São Cirilo consumiu-se em seus 32 anos de Arcebispado em Alexandria, entrando para a Igreja triunfante no ano de 444.

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