09/10 – São João Leonardi, Confessor

Esse santo, canonizado por Pio XI em 1938, é uma das grandes figuras do clero italiano do século XVI. Nascido no início dos anos 1540 em Decimo, hoje no município de Borgo a Mozzano, em Luca, na Itália, o mais novo dos sete filhos de uma família de agricultores modestos, foi educado por um sacerdote exemplar que desenvolveu na criança uma grande virtude ao lado de profunda ciência.

Aos 17 anos ele foi para Luca onde fez um curso de dez anos, tornando-se farmacêutico assistente. Naquela cidade João Leonardi se uniu à Confraternidade laica dos “Colombini”, formada por jovens comprometidos a viver como cristãos autênticos, auxiliando os pobres e os peregrinos.

 

Mais tarde, jovem sacerdote, Leonardi ocupou-se de um grupo de rapazes, com os quais ensinava o catecismo às crianças. Isso era então uma novidade em Luca. O que levou o bispo a designar o santo para fazer o mesmo em todas as igrejas da cidade.

Pelo seu zelo apostólico, o santo começou também atrair os adultos. De Luca essa iniciativa se estendeu também às paróquias vizinhas propiciando, segundo as normas do Concílio de Trento, um reconfortante reavivar da vida cristã em um ambiente caracterizado pela decadência da moral, que era ainda agravada pela presença de pregadores protestantes.

Para dar continuidade à sua iniciativa, São Leonardi fundou a Sociedade da Doutrina Cristã, formada de leigos dedicados à educação, cujos estatutos foram aprovados pelo bispo. Seus membros deveriam também trabalhar nos hospitais e prisões.

Esta sociedade se espalhou para outras cidades italianas, como Pescia, Pistoia, Siena, Nápoles e Roma.

 A par disso, São João Leonardi levou avante e se tornou o apóstolo em Luca da prática das Quarenta Horas, da Comunhão frequente, e da devoção a Nossa Senhora.

E, quando obteve uma antiga igreja de Nossa Senhora da Rosa com vasta casa anexa em Luca, lançou, em setembro de 1574, os fundamentos dos Clérigos Regulares da Mãe de Deus, consagrados à educação.

Pouco a pouco a sua influência estendeu-se por toda a Itália, onde se tornou um ardente defensor da fé católica em perigo por causa dos erros protestantes. Ameaçado de morte pelos luteranos, refugiou-se em Roma com os seus companheiros. Aí tomou como diretor São Felipe Neri, que muitas vezes lhe repetia: “Não é tudo, caro amigo, tornar-se um santo; o importante é continuar a sê-lo”.

O seu zelo pela conversão dos pagãos o levou a colaborar com o cardeal Vives na fundação do Colégio da Propaganda, de onde deveriam sair tantos santos e zelosos missionários.

Os Regulares notabilizam pela grande obediência. Exigia-se deles perfeito recolhimento interior, assiduidade na oração e pobreza. São João Leonardi procurou não só com conselhos, mas sobretudo com o exemplo, a mais alta perfeição de seus súditos.

Durante sua ausência em Roma, desencadeou-se uma campanha de difamação feroz contra ele pelos magnatas de Luca, que eram contra a que se fundasse mais uma Ordem religiosa, e que foi alimentada por alguns sacerdotes e hereges. Estes conseguiram um decreto pelo qual São João Leonardo foi banido perpetuamente da cidade como inimigo de Luca, acusado de perturbar a ordem pública, e de não respeitar as autoridades estabelecidas.

Um inquérito solicitado pelo santo para averiguar as alegadas faltas não teve êxito, e continuou a perseguição. O que teve como uma das consequências que, mesmo alguns membros de sua comunidade, entraram em conflito uns com os outros aumentando a confusão; mas São João Leonardi sempre demonstrou magnanimidade e caridade para com seus perseguidores.

Ele faleceu em Roma em 9 de outubro de 1609 no hospital de Santa Maria “in porticu”, vítima da sua dedicação aos doentes e empestados.

Dele diz hoje o Martirológio Romano Monástico: “No ano da graça de 1609, São João Leonardi, que reuniu e vivificou, perto de Luca, na Toscana, uma comunidade religiosa dedicada à catequese da juventude. Em Roma, criou com João Batista Vivés um colégio, que mais tarde tornou-se o Seminário da Propagação da Fé. Morreu vítima da sua dedicação junto aos doentes da peste”.

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