11/12 – São Damaso Papa, Confessor

Baluarte da Igreja primitiva, papa em uma época muito conturbada, lutou contra restos de paganismo, heresias e indisciplina eclesiástica. Restaurou e embelezou as catacumbas, construiu igrejas e reformou o clero.

Um cidadão espanhol, Antônio, estabeleceu-se em Roma com sua esposa, um filho e uma filha. Uma inscrição na basílica de São Lourenço in Damaso, na Cidade Eterna, diz que, depois de certo tempo de vida comum com sua esposa, com consentimento dela, separaram-se. Ele recebeu as ordens sacras, e lhe foi designada a paróquia de São Lourenço. Seu filho Damaso, nascido na Espanha em 305, seguiu também a carreira eclesiástica. Laurência, sua mãe, vivia ainda quando ele foi elevado ao solo pontifício em 366. Como sua filha Irene, ela também se consagrara a Deus.

Ocorreu então que o Imperador Constâncio, tendo aderido à heresia ariana, começou a oprimir a Igreja com seu despotismo teocrático, querendo forçar o papa São Libério a lançar um anátema contra Santo Atanásio, campeão da ortodoxia contra essa heresia.

Nada conseguindo, exilou esse Sumo Pontífice no Oriente. São Damaso deu a conhecer toda sua adesão a Libério, e obrigou-se publicamente, com o clero de Roma, a não receber outro Papa enquanto ele vivesse. Fez mais: acompanhou o Pontífice ao exílio, e com ele esteve até que Libério, julgando que Damaso seria mais útil à Igreja em Roma, ordenou-lhe que voltasse à Cidade Eterna.

Mais tarde o próprio Papa Libério também voltou para Roma, onde faleceu pouco depois. Damaso foi então eleito em seu lugar para a Sé Apostólica.

Entretanto, uma facção formada por sacerdotes e diáconos chefiada por Ursino e Lupo, não aceitou essa eleição. Arrebanhando um populacho de vagabundos e cocheiros, congregaram-se na igreja de Santa Maria in Trastevere. Subornando Paulo, bispo de Tívoli, levaram-no a ordenar Ursino sacerdote, e ao mesmo sagrá-lo como bispo de Roma. Esse antipapa e seus principais sequazes lançaram mão de toda sorte de calúnias para denegrir São Damaso, inclusive a de adúltero.

São Jerônimo, o grande Doutor da Igreja, diz: “Damaso foi um arauto da fé, oráculo da ciência sagrada, e doutor virgem da Igreja virgem”. Esta última expressão tem o propósito de inocentar o Pontífice da calúnia acima.

Em dois sínodos romanos (368 e 369), São Damaso condenou os hereges apolinaristas e macedonianos; também enviou legados ao Concílio de Constantinopla (381), que condenou mais uma vez a heresia ariana. No sínodo romano de 369 (ou 370), foi excomungado o bispo ariano de Milão, Auxêncio, que entretanto, por favor imperial, permaneceu em sua diocese até o ano de sua morte, em 374, quando o substituiu Santo Ambrósio.

No meio dessas confusões teológicas e doutrinárias, São Damaso foi o homem de critério reto que servia de pauta para os verdadeiros católicos

São Jerônimo participou do Concílio de Roma, convocado por ele em 374. O Papa conhecia o profundo saber e capacidade do solitário de Belém, e o tomou como secretário. Encarregou-o de responder, em seu nome, às consultas que recebia; encarregou-o também de muitos outros trabalhos para o bem da Igreja. Entre essas tarefas empreendidas por São Jerônimo, merece menção a tradução que fez do Novo Testamento para o latim, de conformidade com o original grego, como também a confecção do Saltério.

São Damaso faleceu no dia 10 de dezembro desse ano 382. Dele fala o Martirológio Romano neste dia: “Em Roma, São Damaso I, papa, confessor, que condenou o heresiarca Apolinário, e reconduziu Pedro, bispo de Alexandria, que fora expulso de sua sede. Descobriu também muitos corpos de santos mártires, e ornou-lhes as sepulturas com epitáfios em versos”.

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