09/01 – Santo André Corsini, Confessor

Santo André Corsini foi mais um dos grandes Santos do fim da Idade Média. Das mais nobres famílias da brilhante Florença, de “lobo” se transformou em “cordeiro”, e de “cordeiro” em “pastor”, depois de ter sido exemplar frade carmelita, tornando-se um dos notáveis bispos da Itália no século XIV.

Nicola e Peregrina pertenciam à nobre e antiga família dos Corsini, de Florença. À força de orações e promessas, obtiveram do Céu um filho, por volta do ano de 1300, que consagraram à Virgem no convento dos Carmelitas. Acontece que, na véspera do parto, Peregrina sonhou que havia dado à luz a um lobinho que, entrando numa igreja, transformou-se em amável cordeiro.

André, o filho que lhe nasceu na festa desse Apóstolo, em sua infância e adolescência realmente assemelhava-se mais a um lobo que a um cordeiro. Era desobediente, briguento, mundano, não respeitava nem pais nem mestres, e passava o tempo na caça e no jogo. Não é de se admirar que tivesse rixas constantes em casa.

Um dia ­– quantos anos teria? Alguns dizem 15, outros sugerem que mais, o que é provável – ele maltratava a mãe, que o repreendia pelos seus desmandos, quando esta, em lágrimas, lhe disse: “És bem o lobo do meu sonho”. O rapaz ficou surpreso. “Que lobo? Que sonho? Conta-me tudo”. Peregrina narrou-lhe então o sonho que tivera, acrescentando que, quando ele nascera, os pais o haviam consagrado à Virgem. E que seu proceder era o oposto do que eles esperavam dele.

André, tocado pela graça, ficou muito comovido. Saiu de casa e dirigiu-se à igreja do convento carmelita, onde se prostrou aos pés da Virgem do Povo, a quem fora consagrado, e dali não saiu a não ser já com o hábito carmelita.

É claro que uma pessoa, tendo vivido tanto tempo ao sabor de seus caprichos e mau temperamento, não se transformaria de vez, sem um remédio eficaz. André utilizou para isso o método de Santo Inácio de Loyola do “agere contra” – quer dizer, agir de maneira totalmente oposta ao vício ou defeito que queria combater. Para domar seus maus impulsos e espírito de independência, tornou-se o mais obediente e mais observante noviço. Para praticar a humildade, mesmo depois de professar, André pediu para sair pedindo esmolas para o convento nas ruas onde moravam as pessoas mais proeminentes da cidade e alguns parentes seus. De muitos deles recebia insultos e repreensões sob a alegação de que desonrava o nome da família.

A Providência logo o galardoou com o dom dos milagres e da profecia. Assim, curou milagrosamente de uma horrível úlcera na perna um tio mundano e viciado no jogo, trazendo-lhe, com a saúde do corpo, a da alma.

Frei André foi enviado pelos seus superiores a Paris onde havia a mais famosa universidade da época, para aperfeiçoar-se na teologia. Quando voltou foi eleito prior do convento de sua cidade.

Vagando em 1360 a Sé de Fiésole, perto de Florença,  o clero escolheu Frei André para ser seu bispo. E ele o foi segundo Deus. Não falava jamais com mulheres, a não ser o mínimo indispensável, e não tolerava ouvir lisonjeiros. Visitou toda sua diocese, procurando afervorar seu clero e diocesanos. Fez uma lista dos pobres da cidade episcopal, sobretudo dos envergonhados, a quem socorria secretamente.

Aos 71 anos de idade, quando celebrava a Missa de Natal, Nossa Senhora lhe apareceu prevenindo-o de que, no dia dos Santos Reis, viria buscá-lo. André se preparou bem, pôs em ordem todos os negócios de sua diocese, e esperou a hora da morte recitando com os presentes o Símbolo dos Apóstolos. Enfim, no dia 6 de janeiro de 1373, quando cantava o “Nunc dimittis servum tuum Domine” (Deixai partir agora vosso servo, Senhor) ele entregou sua alma a Deus.

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