15/01 – Santo Amaro ou Mauro Abade, Confessor

O Martirológio Romano nos diz de Santo Amaro que este era “discípulo de São Bento, que o educou desde a infância. Entre outras coisas realizadas sob a sua direção, prova é de grande adiantamento em tal escola o ter andado sobre as águas, verdadeiro prodígio que, por assim dizer, já se não repetia desde os tempos de Pedro. Enviado depois à Gália pelo próprio Bento, construiu ali um célebre mosteiro, e governou-o pelo espaço de quarenta anos. Resplandecendo na glória de seus milagres, descansou  lá mesmo, na paz do Senhor”.

Santo Amaro nasceu no fim do século V em Roma, numa família senatorial. Quando tinha doze anos, tal era a fama de santidade do grande São Bento, que o senador a ele o entregou o filho para que fosse formado na virtude. Coisa surpreendente em pessoa de tão alto nível social, que assim demonstrou prezar mais a riqueza da alma, do que a material. E  isso não foi um caso isolado, pois outro menino, Plácido, também foi confiado por seus pais ao Patriarca do Ocidente e, em sua escola, também foi elevado à honra dos altares. Feliz época na qual a virtude era assim apreciada, e na qual os pais se separavam dos filhos para que estes servissem a Deus!

Santo Amaro correspondeu tão bem à afeição e solicitude de São Bento, que foi em breve proposto como modelo aos outros religiosos.

Em seu livro “Diálogos”, em que narra a vida de Santos, São Gregório Magno dedica o capítulo II a São Bento. E exalta Santo Amaro por se ter distinguido no amor da oração e do silêncio. O papa santo narra dois milagres dos quais participou esse Santo.

Um dia, Bento deu a um noviço godo convertido, a função de capinar em redor de um lago do mosteiro, para acabar com as pragas. O noviço pôs tanto empenho no trabalho que, estando perto do lago, a lâmina da enxada saltou para dentro da água, num lugar profundo.

Contrito e humilhado, o godo converso ficou tão apavorado, que não teve coragem de comunicar a São Bento o ocorrido. Procurou então o menino Amaro para que este, que era o discípulo predileto do Patriarca, pedisse a ele que lhe desse uma penitência. Ao saber do ocorrido, São Bento foi até a beira do lago com o noviço e, enfiando a ponta do cabo da enxada na água, a lâmina subiu das profundezas e foi encaixar-se perfeitamente a ele.

Outro dia o menino Plácido foi pegar água no lago, escorregou e nele caiu, sendo arrastado pela correnteza. Bento, por visão profética, viu o que se passava, e mandou que Amaro corresse em socorro do companheiro. O jovem obedeceu prontamente e ao pé da letra: entrou no lago, e correu sobre a água,  pegando Plácido pelos cabelos, e arrastando-o para a margem. Só então se deu conta do milagre, e o atribuiu a São Bento, que lhe disse que este fora antes um prêmio da pronta obediência.

Santo Amaro cumpria tão bem o ideal monástico, que todos passaram a considerá-lo o perfeito herdeiro espiritual de São Bento, e seu sucessor habitual. Alguns dizem que ele foi sucessor do Santo em Subiaco.

Entretanto, conforme diz o Martirológio, São Mauro foi enviado por São Bento à Gália para fundar um mosteiro, que se tornou célebre. Ele o governou por espaço de quarenta anos, nele falecendo aos 72 anos de idade no ano de 567, vítima de uma peste que também levou muitos dos seus monges.

Santo Amaro é, entre outros, o padroeiro dos carvoeiros, dos trabalhadores em metal, e dos sapateiros. Ele é invocado contra várias doenças, especialmente enxaquecas, artrose e artrite. Ele foi muito popular no Brasil colônia, dando nome a um prestigioso bairro em São Paulo.

No Apêndice do Ritual Romano, há um “Signum S. Mauri”, bênção para os doentes, invocando seu nome.

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